quinta-feira, 21 de julho de 2016

O CRISTÃO, A POLÍTICA E O NOVO PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS.





Na última semana, o plenário da Câmara de Deputados elegeu como seu presidente o Deputado Federal Rodrigo Maia. Maia assume a presidência após o longo e trágico episódio envolvendo o ex-presidente da Casa, Eduardo Cunha; aliás, a novela de Cunha continua, noutros aspectos, e promete muitos capítulos ainda.

O cenário atual é propício para tocar em um assunto já conhecido no meio cristão, mas que ainda encontra muita resistência: a igreja e a política.

Política é algo bom, necessário, que acontece todos os dias em todos os lugares, até mesmo nas igrejas. Correto? Basta verificar o sentido da expressão: “1. Conjunto dos fenômenos e das práticas relativos ao Estado ou a uma sociedade. 2. Arte e ciência de em governar, de cuidar dos negócios públicos. 3. Qualquer modalidade do exercíco da política. 4. Habilidade no trato das relações humanas. Mode acertado d conduzir uma negociação, estratégia.”[1]

Por outro lado, politicagem é algo bem diferente segundo o mesmo dicionário: “política mesquinha, estreita.”

Alguns cristãos talvez julguem ser blasfêmia, mas política é algo bíblico, é necessário, é vontade de Deus que seja exercida. Destaca-se o conceito de que política é a “arte e ciência de governar, de cuidar dos negócios públicos”. Neste sentido, a política deve ser feita em todos os ambientes, até no eclesiástico. Sim, gerir bem, administrar com habilidades, por meios lícitos e para finalidades louváveis deve ser algo até mesmo do pai de família, quanto mais dos líderes religiosos! Já a politicagem... esta sim assombra a muitos e também aos cristãos, daí a rejeição do tema política, mas não por ser esta ruim, perniciosa, mas em razão de ser conhecida muito mais pelo exercício da politicagem.

Voltando ao caso do novo presidente da Casa legislativa, vale observar que em nosso país o Poder Legislativo, encarregado, dentre outras coisas, de legislar, é composto de duas casas: Câmara dos Deputados (com 513 membros, representantes do povo) e Senado Federal (composto de 81 membros, representantes dos Estados e do DF). Este foi estabelecido como casa revisora e aquela como casa iniciadora, haja vista na maioria das vezes o processo legislativo ter início na Câmara. Maia presidirá então, a Casa com maior visibilidade política e grande responsável por tratar de temas relevantes para o país, os quais devem ser regulados por lei.

Na última segunda, 18/07/16, Maia esteve no programa Roda Viva sendo entrevistado por vários profissionais ligados ao meio político e jornalístico. Ao ser perguntado sobre temas polêmicos, que não raras vezes estão no noticiário e sob pressão para apreciação parlamentear, o novo presidente disser ser, pessoalmente, contra a legalização das drogas ilícitas, contra o casamento homossexual (mas a favor da união estável) e afirmou ainda que acerca do aborto a legislação brasileira já abarca satisfatoriamente os casos necessários (lembrando que no Brasil é possível o aborto em três casos[2]: 1. Aborto quando a gravidez é fruto de estupro; 2. Caso a mãe esteja em risco de morte e, 3. Em caso de feto comprovadamente anencéfalo).

No entanto, é de suma importância que todos os brasileiros estejam atentos ao ocorre no Congresso Nacional (as duas Casas Legislativas), pois as leis ali produzidas afetam a todos, e como os Deputados são, em tese, representantes do povo, então deveriam defender o que lhes é mais benéfico [ao povo]. Leis imorais e contra os princípios cristãos não são aprovadas na calada da noite, o processo legislativo não funciona assim, mas se não há interesse cristãos, se ainda mantém a ideia incorreta que política e religião não se misturam podem colher os frutos da sua indiferença, frutos maus.
Para os que se opõem à política, é bom lembrar que a liberdade religiosa no Brasil é fruto, justamente, nos dias atuais, de garantia constitucional (legal):

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;  

Nem sempre foi assim, pois na Constituição do Império, de 1824, a religião católica era a religião do Estado, não aceitando-se manifestação pública de outra fé:

Art. 5. A Religião Catholica Apostolica Romana continuará a ser a Religião do Imperio. Todas as outras Religiões serão permitidas com seu culto domestico, ou particular em casas para isso destinadas, sem fórma alguma exterior do Templo.[3] (redação original)

Cabe aqui uma lição muito clara e lúcida do Pastor e escritor Silas Daniel. Em sua excelente obra “A Sedução das Novas Teologias” trata do engajamento popular junto à política nacional; é um envolvimento para além do simples conhecimento do que ocorre no Legislativo, portanto, um passo mais além ainda na caminhada:

 INFLUÊNCIA CORRETA E MAIS EFETIVA
Portanto, em vez de nos preocuparmos apenas em aumentar o número de representantes no Congresso Nacional para tentar deter leis anticristãs, devemos, cada um de nós, procurar exercer influência cristã, como sal e luz, nos lugares onde Deus nos colocou. O que adianta termos 100 represnatnes no Congersso Nacional se a própria igreja não se engaja pela transformação do país?
Veja o  exemplo de muitos evangélicos norte-americandos nos Estados Unidos. Em vez de ficarem parados reclamando da aprovação de leis anticristãs, da escola que só faz ensinar evolucionismo aos filhos, do aumento da degradaçã moral da sociedade, dos programas de televisão que são péssimos, eles particpalm de discussões, fazem manifestações públicas, boicotam produtos, etc. Mas também não estou propondo só isso.
Não devemos minimizar a importância de termos representantes políticos no Congresso Nacional, nem demonizar a política (“Política é coisa do diabo”), mas também não devemos ficar pensando que ter representantes políticos é tudo. Nem devemos pensar que engajamento é só luta e protesto. O que muda mesmo é a presença ativa da igerja na sociedade, é ser sal e luz, pregar, evangelizar, ganhar vidas para Cristo e discipulá-las, é viver uma vida de santidade, viver uma vida inspiradora e ainda participar, envolver-se, manifestar opinião em toda oportunidade que surgir.”[4]

Assim, é bom ficar de olho, dar ouvidos, acompanhar e, na medida do possível, participar da política, pois determina em muitos aspectos própria vida.

Por fim, sugiro que não deixe de ver toda a entrevista de Rodrigo Maia, note suas afirmações, entenda um pouco de sua função.




[1] - FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Dicionário da língua portuguesa. 6. ed. Curitiba: Positivo, 2006.  p. 640.
[2] - Para melhor esclarecimento, vide art. 128 do Código Penal e decisão proferida pelo STF na ADPF – Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental n.º 54 , na qual ficaram fixados os parâmetros para aborto de feto anencéfalo, além da Resolução n.º 1989/2012 CFM – Conselho Federal de Medicina (que dispõe sobre o diagnóstico de anencefalia para antcipação terapêutica do parto).
[4] - DANIEL, Silas. A Sedução das Novas Teologias. Rio de Janeiro. 1ed.  CPAD: 2007, pp. 238,239

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